domingo, 24 de março de 2019

Bologna, la Grassa (ou seria Juliana, la grassa?)!

Continuamos nossa super viagem.

Nono dia - 01/01/2018 (segunda-feira): Já comecei o ano com o pé direito, mas sem meia: acordei com o cachorro da Silvia, o Paco, comendo minha meia. Tentei resgatar minha propriedade das garras caninas de Paco, el Matador, mas obviamente falhei nas minhas tentativas e consegui acordar a casa inteira. 
Com a meia batizada pela baba do Paco, arrumei minha malinha e fui à casa do Manu para pegar minhas coisas que tinha deixado lá depois do acampamento. Como um italiano vero, Manu preparou um delicioso spaghetti al ragù para almoçarmos (nessa altura da viagem eu já tinha aumentado uns 3 buracos do cinto...).
E foi assim que dei tchau ao meu querido amigo Manuel e continuei minha aventura italiana em direção à cidade de Modena.
Originalmente, eu não iria para Modena, mas sim para Bologna. Mas, ao pedir sofá no couchsurfing, conheci o Alex, que parecia ser super simpático e se ofereceu para me hospedar na casa dele, em Modena.
Aos que puderem, recomendo: passem por Modena! A cidade é super charmosa, famosa pela criação do Acetato Balsamico (com indicação geográfica protegida – IGP!) e pelo museu da Ferrari. Por sinal, o Alex e seus roommates trabalham como engenheiros da Ferrari (a casa tem carrinhos, camisas e bonés da Ferrari por todos os lados).

Foto do GUGLE, já que sou desnaturada e esqueci de fazer fotos decentes
Cheguei na cidade ao final da tarde e, como uma boa mão de vaca avarenta, já tinha resolvido que iria a pé até a casa do Alex. Contuuudo, ao sair da estação, meu celular estava com 0,00001% de bateria e eu não tinha ideia de como ir à casa do Alex (sequer tinha avisado ele que estava chegando).
Graças ao um ano inteiro comendo amêndoas para melhorar minha memória, consegui lembrar que o endereço dele era Corso Canalchiaro nº xxx (segredo de estado) – por sinal, até hoje lembro o endereço dele! 
Pela primeira vez na viagem, dei uma de chiquetosa e peguei um TAXI!
Sim, até aquele momento tinha feito tudo na raça, caminhando e cantando e seguindo a canção.
O taxista foi super legal, fez um tour comigo no centro de Modena, contou que a rua do Alex se chamada Canalchiaro pelo fato de ter um rio cristalino passando embaixo da rua, mostrou o Duomo di Modena, etc...
Chegando na casa dele, graças aos céus meu anjo da guarda formado em TI mandou ondas eletromagnéticas para ele avisando que eu chegaria naquele horário, então o Alex estava me esperando na frente da casa *trompetes tocando alegremente*
A casa do Alex era enorme e fiquei em um quarto só meu, com um banheiro próprio e toda rica e phyna. 
Depois de tomar um banho merecido (nããão que eu estivesse sem tomar banho a um tempinho... ... ... risos de nervoso), fomos passear por Modena, tomar um quentão e um chopp e, como eu ainda estava meio morta da festa de final do ano, voltamos para a casa dele e ficamos jogando Doom até tarde (ele jogando e eu vendo, porque sou horrível e não sei brincar de videogame).

Décimo dia - 02/01/2018 (terça-feira): Supostamente, eu iria acordar às 08 da manhã para pegar o trem para Bologna às 09 a.m. Como eu disse, supostamente.
Não sei que raios aconteceu que Juliana não ouviu o despertador tocando e conseguiu acordar às 11H DA MANHÃ! 
Um tanto quanto envergonhada de passar a manhã inteira dormindo na casa do querido Alex, troquei de roupa correndo e saímos tomar café em uma padaria próxima da casa dele, a Menomoka Coffe. 
Por sinal, o café era muito legal, as paredes tinham imagem de personalidades históricas com uma frase de efeito.

Próxima vez quero minha foto na parede também

Com o café da manhã/quase almoço, segui para Bologna (o Alex iria me encontrar no final da tarde em Bologna, porque tinha coisa pra fazer). No caminho até Bologna, resolvi abrir o tal do hangout do couchsurfing, que é uma ferramenta do site para indicar as pessoas que estão viajando ou passeando por um lugar e estão disponíveis para turistar, conhecer algum bar, fazer algum passeio, etc...
Ao ligar o hangout, vi que tinha um grupo de couchsurfers que estava disponível, um americano e um israelense, então pedi para me juntar ao hangout deles. JURO QUE FOI A MELHOR DECISÃO DA MINHA VIAGEM! Afinal, se eu não tivesse encontrado eles, eu iria ficar sozinha de tarde em Bologna, fazendo programa de turista flamingo (que fica batendo foto de tudo e vendo tudo).
E foi assim que eu conheci o Stephen e o Roei, americano e israelense, respectivamente. O Stephen é ator e uma das pessoas mais queridas e engraçadas que já conheci, com um humor parecido com o meu e super animado para conhecer tudo.  O Roei é israelense e chef de cozinha, apaixonado por culinária e determinado a comer tudo que podia na Itália (dedico ao Roei os 4 kg extras que trouxe ao Brasil).
Nosso trio dinâmico
Encontrei os dois na Piazza Maggiore e formamos o nosso trio dinâmico! Já de cara eles me contaram uma das coisas mais legais sobre Bologna: a lenda dos 7 Segredos de Bologna!
Para quem ama geocaching, como eu e a Ana Luiza, achar os segredos de Bologna é o máximo! 
Momento cultural, vamos descobrir quais foram I Sette Segreti di Bologna:
1) A “Ereção” da Estátua de Netuno: No meio da Piazza del Nettuno, existe uma estátua do Deus Netuno. Olhando de frente, essa estátua não é muito bem dotada, e reza a lenda que o Papa da época pediu para que o escultor (Giambologna) fizesse um piccolo pintinho no Netuno, para não ficar erótica. 
O Giambologna, como um bom ZoEiRo, resolveu esculpir o Netuno como solicitado pelo Papa, mas fez um dedão avantajado para o Deus do Mar. Assim, a depender o ângulo que você olhe a estátua, verá que o Sr. Netuno está mais para Kid Bengala dos mares...
Não sei o que seria mais bizarro, a ereção netuniana ou essa Peppa Pig de Chernobyl
2) Il Voltone del Podestà e o telefone sem fio: Esse é sensacional! 
Voltone significa abóbada, e essa galeria embaixo do Palazzo de Podestà, bem pertinho da Estátua do KidBengala Netuno, tem um formato de abóbada com uma acústica sensacional! Você pode sussurrar em um dos cantos da galeria que a pessoa do lado oposto irá ouvir tudo, como se você estivesse falando na orelha dela! 
Você fala nesse cantinho e a pessoa consegue ouvir do outro lado da sala!
O Stephen, na condição de nosso guia turístico, contou que antigamente esse Voltone era utilizado para que os leprosos se confessassem, assim os padres ficavam bem longes deles! 

3) As três flechas na Corte Isolani: Esse era totalmente estilo geocaching! O Roei desistiu de procurar e, como bom roliço, saiu comer alguma coisa. Eu e o Stephen seguimos firmes e encontramos: as três flechas cravadas na madeira do pórtico na frente da Strada Maggiore. Reza a lenda que três arqueiros foram contratados para assassinar um carinha ryco de Bologna, mas, ao prepararem as flechas, foram distraídos por uma mulher PELADONA na janela. Assim, acabaram errando o alvo e acertaram o  pórtico. 
Outra da internet, já que minhas fotos de lá ficaram horríveis! Hehehe
4) A Pequena Veneza: Um dos segredos mais fáceis de descobrir é essa janelinha (ela está nos mapinhas turísticos de Bologna também!). É uma pequena janela por meio da qual se pode ver um canal utilizado no século XII para troca de mercadorias. Realmente, parece muito com os canais de Veneza (e é uma graça, vale a caminhada até lá).

5)Panis vita, canabis protectio, vinum laetitia”: Andando pela rua da Indipendenza, é possível olhar no teto essa sequência de frases escritas, que significam: O pão é vida, o vinho é alegria e a cannabis é proteção (os Zé Droguinha piram). Outro segredo que foi bem tranquilo de encontrar, até porque paramos em umas quatro sorveterias enquanto procurávamos as frases. 
ÊÊÊ italianada lariquenta (créditos da foto)
6) O vaso quebrado na Torre degli Asinelli: A lenda é que em cima da Torre degli Asinelle teria um vaso quebrado, que significa a forma de resolução de conflitos em Bologna. 
Não sei por que cargas d’água eu e o Stephen entendemos errado a lenda quando vimos a primeira vez e interpretamos que a ideia era de que a Torre se pareceria com um vaso (acho que levamos a ideia de cannabis é proteção longe demais... HE HE HE BRINCADEIRA). Só sei que ficamos sentados na frente da torre por uma meia hora tentando visualizar em que momento aquilo deveria se parecer com um vaso. (Só hoje, dia 26/11/2018, descobri que a lenda era de um VASO DENTRO da torre he he he). 
E sim, eu e o Stephen subimos a torre (enquanto o Roei, provavelmente, estava comendo), e a vista é sensacional!
Bologna, sua linda!
7) Bologna, la Grassa: O apelido de Bologna é la Grassa (a Gorda) ou la Dotta (a culta), então o último segredo da cidade é de que embaixo de uma mesa da Universidade de Bologna estaria escrito a frase “panum resis”, algo como “o pão resiste”. Eu e o Stephen reviramos as mesas da Universidade e não encontramos nada. Pelos relatos que li em outros blogs, o pessoal também não encontrou essa frase, então acho que nem compensa perder tempo procurando.

Em resumo, nosso turismo por Bologna foi guiado principalmente pelos segredos. Fizemos o roteiro da cidade com base nisso e foi um dia sensacional! Se eu não tivesse conhecido o Stephen e o Roei, provavelmente não saberia dos segredos e teria conhecido Bologna como uma turista normal, sem ter me envolvido tanto com aquele lugar maravilhoso (obrigada couchsurfing!).
Intercalado entre as buscas dos segredos, visitamos diversas padarias, restaurantes e cafés, comemos tudo que tínhamos direito em Bologna e fizemos jus ao apelido La Grassa da cidade.
Mangia mangia mangia!!
Bevi bevi bevi!!
Ao final da noite, fomos em dois bares que o Roei queria conhecer (o Alex nos encontrou na cidade ao final da noite) e tomamos uns bonx drinks, comemos pizza, salame, spaghetti al ragù (também conhecido como Spaghetti a bolognesa – criado em... tchanananã... BOLOGNA!).

Melhor companhia para desvendar as terras italianas
Foi um dia super divertido e em ótima companhia! Como nós (Stephen, Roei e eu) iríamos para Roma na sequência, combinamos de nos encontrar por lá para continuarmos a explorar a cidade.
Após todo esse passeio, eu e o Alex voltamos para Modena (não sem antes vencermos o Usain Bolt de tanto correr para chegar à estação de trem, já que iríamos perder o último trem para Modena) e arrumei minha malinha para seguir viagem para um dos lugares que mais estava ansiosa para conhecer, Arezzo, a cidade do filme La Vita è Bella! 
"Questa è la mia storia, questo è il sacrificio che mio padre ha fatto, questo è stato il suo regalo per me."

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