domingo, 24 de março de 2019

Entre napolitanos e milaneses

Décimo sexto dia - 09/01/2018 (terça-feira): Pela primeira vez na viagem, vi algumas pessoas normais se hospedando no meu hostel: um grupo de argentinos mochileiros. Já fiz amizade com eles e combinamos de sair passear pela cidade. Contudo, todavia, entretanto, os mano djow era mega enrolados! Só para sair do hostel demoraram uns quarenta minutos, e ainda queriam comer alguma coisa no caminho.
Eu já estava meio impaciente, porque não sou fã número um de gente lerda, então acabei sugerindo de a gente se dividir. Uma das argentinas, a Camila, preferiu bater perna comigo, então fomos conhecer a Cattedrale di Santa Maria Assunta, algumas igrejas do centro e o famoso Quartieri Spagnoli. 
Passeando no Quartieri Spagnoli
Esse bairro espanhol nasceu em meados do século XVI, no período em que os espanhóis dominaram Napoli, surgindo como uma forma de prover “divertimento” aos militares presentes na cidade. Por muito tempo, a região foi conhecida pela criminalidade e prostituição, mas recentemente, em razão do turismo, o bairro se tornou um pouco mais seguro. E gente, o lugar é sensacional!!! Claro, você não vai andar com o seu iPhone 20 na mão dando sopa, mas não é um lugar PÁ PUM TIPO COLOMBIA não. Andei por lá, bati foto, comi pizza e me apaixonei ainda mais por Nápoles. 
Após conhecer a região, dei adiós à minha amiga Camila, que foi encontrar seus amigos enroladinhos, e peguei o funicular até o Castel Sant’Elmo, castelo medieval em cima da colina del Vomero. Admito que não estava muito na vibe turistona, então não entrei no museu do castelo, só bati um monte de selfie no castelo (instagram tenx que bombar, né!) e fiquei apreciando a vista sensacional da cidade.
Miga, teu cabelo ficou óótimo na foto
Depois das milhões de selfies, toquei o barco de volta à badalação central de Nápoles. Ocorre que, Juliana Portes, como uma boa senhora desatenta, desceu na estação errada do funicular e descobriu que estava nos cafundós, a uns 50 minutos do centro. Jáá que eu estava por lá, decidi ir a pé até o centro da cidade, para conhecer a região e perder umas calorias das 62 pizzas da viagem. 
Lembra que eu disse que o Quartieri Spagnoli era conhecido por ser perigoso? É NADA! Andei no negócio inteiro, por todas as vielas e sabe Deus o que mais, e foi tudo super tranquilo. 

Descendo pelo Quartieri, meu plano era de fazer o passeio da Napoli Soterranea, que era tipo um tour guiado pelo subsolo de Nápoles (parecia ser sensacional). 
Tuttavia, acabei combinando de fazer hangout com um novo amiguinho no centro da cidade, o Burak, que era turco e estava fazendo o programa do Erasmus (intercâmbio) em Nápoles. E, novamente, foi uma das melhores coisas que aconteceu na viagem! O Burak era sensacional, super divertido, amava Os Miseráveis, tinha o mesmo humor meu e foi super querido. 
Ficamos até tarde comendo e jogando conversa fora, então valeu muito a companhia!!! Duvido que a Napoli Soterranea teria sido tão topzeira assim. 
Um pouquinho da Napoli de motos, vielas e muita, mas muita diversão
Em resumo: acabei não conhecendo o lado super turístico de Napoli, não conheci o Castel dell’Ovo, os palácios reais ou os museus, mas conheci muitas pessoas sensacionais, senti a vida da cidade e me apaixonei muito por Nápoles. 
Por sinal, decidi escrever a postagem do blog porque estava com uma nostalgia das vielas da cidade e fiquei vagando pelo Google Maps na Via dei Tribunali e na Via Sapieza.... 

Décimo sétimo dia - 10/01/2018 (quarta-feira): Aqui foi o grande cocozinho que fiz na viagem em questão de organização. 
No dia que cheguei em Nápoles, dia 07/01, estava em um momento meio conturbado (vamos lembrar: Juliana tinha ido ao PubCrawl na noite anterior, acordou 9h40 sendo que o trem saía às 10h10, cheguei em Nápoles perdida e acabada, etc...), então nem pensei em cotar quanto seria o trem para subir pra Milão.

Mano, cara do céu, eu fui uma jacu de botas. O preço do trem para Milão estava simplesmente € 120. CENTO E VINTE BERLUSCONIS. 
Foi a grande facada da minha viagem. 
Hoje cotando os trens descobri que minha burrada foi elevada ao quadrado, porque 1) não cotei os trens no dia que cheguei; 2) comprei o trem da Freciarossa, que é uma companhia mais cara e chique para o passeio, mas, pelo jeito, você pode fazer esse mesmo caminho pela ItaloTreno e pagar uns € 50.
Well, tudo bem, o que passou passou (VEI PAGUEI CENTOEVINTEEUROS NA FUCKING PASSAGEM, ATÉ HOJE ESTOU ME REMOENDO).

Voltando à narrativa do que aconteceu no dia 10/01, acordei de manhã no meu divino hostel e o meu amado amigo Burak se ofereceu para me acompanhar até a estação de trem. Inclusive, como um bom cavalheiro, ele até carregou minha mala de 20 kg e que, a essa altura do campeonato, já estava toda desconjuntada e medonha, até a rodoviária (que ficava a uns 40 minutos do hostel).
Chegando à estação, vendi meu esôfago (já que o rim, a córnea e um pedaço dos brônquios já tinham ido para pagar o salmão em Roma) e comprei minha passagem para Milão, que sairia em 1h.
Resolvemos comprar um café e esperar meu horário.
Claaro que eu tinha fingido que era o máximo e falava italiano fluente, então falei pro Burak “pó deixar que eu peço o café em italiano, porque sou o máximo”. Que arrependimento. Mal sabia eu que aquele seria o ultimato de que O ITALIANO DA JULIANA TÁ, Ó, UMA BOSTA.
Pedi um café com leite e recebi isso:
É minha gente, nem preciso dizer que o Burak teve um acesso de riso de mim e passou aquela hora inteira zoando meu italiano falcatrua.

Quando deu o horário, dei güle güle ao Burak (acabei de colocar adeus no google tradutor para turco e ficou isso – achei sensacional!!! GULE GULEEE) e parti em direção à Milão (viu, dar as voltas nos bago do cavalo de fato garantem seu retorno à Milão).
A viagem até Milão foi tranquila e durou cerca de 5h, mas eu já estava começando a ficar na bad de que minha aventura estava chegando ao fim (ou será que era pelo fato de eu ter ficado 400 dilmas mais pobre?).
Graças aos céus, minha tristeza estava sendo amenizada pelo fato de que eu iria encontrar minha grande amiga Meraf, que vocês já conhecem de outras postagens. 
A Mery é, sem dúvidas, uma das pessoas mais sensacionais que já conheci! Ela é engraçada, extrovertida, meio louquinha e o maior passatempo da vida dela é tirar sarro do meu terrível italiano. 

Chegando na estação de trem de Milão, a Mery encaminhou uns duzentos áudios tentando explicar onde eu deveria ir. 
Calmae Mery, xô terminar minha pizza,
já estou indo!
Finalmente consegui achar a casa de Mery e reencontrar minha amada amiga! Depois de colocarmos a conversa em dia, contar um pouco da viagem e ela me atualizar de como estavam as coisas na Itália, resolvemos jantar em um restaurante típico etíope que a Mery conhecia.
Cara, se eu achava que eu era perdida, a Mery vence. Andamos umas 15 quadras a mais para encontrar o tal do restaurante que ela conhecia, mas acabamos desistindo e fomos conhecer um outro restaurante etíope que encontramos.
Depois de comermos até não poder mais, sempre tem o espaço do doce. Fomos até o Eataly Milano Smeraldo para magiare (voltamos ao lema do mangia che ti fa bene). O Eataly foi uma novidade para mim! O lugar parece um mercado chiquetoso que é especializado na venda e distribuição de alimentos italianos. 
Mery maravilhosa!
Aproveitei para comprar alguns presentes para a minha amada mamãe, como uns vinhos e, por indicação da Mery, umas caixas de Cantuccini (COMPREM ISSO!!! É um biscoito delicioso que você molha no “Vin Santo”, unindo, com classe,  o mangia mangia mangia, bevi bevi bevi e poi comincia a cantar)
No caminho de volta para a casa da Mery, encontramos o amigo dela, o Omar, que se juntou a nós para termos uma noite muitcho loca assistindo American’s Got Talen. Diga-se de passagem: foi mega divertido! 

Décimo oitavo dia - 11/01/2018 (quinta-feira): Enfim, tudo que é bom dura pouco, e minha viagem estava no último suspiro.
Arrumei minha malinha e entreguei para a Mery e Omar algumas lembrancinhas do Brasil, como forma de agradecimento pela hospitalidade e por essa maravilhosa amizade.
Mery com a Fita do Senhor do Bonfim
Considerando que eu não podia ir embora de Milão sem pisotear os bago do cavalo, até porque toda vez que fiz isso acabei voltando, fomos fazer um último tour por Milão. Dessa vez, além da galeria Vittorio Emmanuele (onde está o cavalo), visitamos a Universidade da Mery e o café que os estudantes ficam matando aula estudando para as provas.
Juju, Omar e Meraf passeando
Universidade de Milão
Aproveitamos para almoçar por lá e, finalmente, chegou o momento da despedida, regada a muuuita comida deliciosa!
Dei tchau para a Mery, com a promessa de que a próxima viagem seria dela no Brasil, e segui para a estação de trem com o Omar, que pegaria o trem para Lecco, enquanto eu iria em Quando chegou o horário de embarcar no trem em direção ao aeroporto de Malpensa.
Quero ir pra Lecco também!!!
Sem brincadeira, acho que nunca na minha vida senti tanta tristeza pós-viagem quanto nesse momento. A viagem tinha sido perfeita, eu tinha conhecido um monte de pessoas extraordinárias, reencontrei bons amigos, comi comi e comi e me diverti bagarai.
Realmente achei que alguém no aeroporto fosse me parar para saber se eu estava bem, porque eu estava chorando igual criança (com direito a soluços – CARA QUE VERGONHA).
Voltei já programando minha volta para esse lugar sensacional que tem um espaço gigantesco no meu coração: minha amada Itália.
Arrivederci, amore, ci vediamo presto!
Presentinhos pós viagem para as Portes!

Juliana desbrava Pompeia e Sorrento (e a pizzaria mais famosa do mundo!)

Décimo quinto dia - 08/01/2018 (segunda-feira): Acordei cedo no outro dia para visitar a cidade de Pompeia. O post será mais dedicado aos mochileiros de plantão que querem visitar a cidade, porque foi o único passeio extremamente turista que acabei fazendo na viagem.
Hora de informações para os viajantes: como visitar Pompeia.
O passeio de Pompeia pode ser feito em um dia, como bate e volta. Umas 5 horas dedicadas à cidade acho que é mais do que suficiente.
Como chegar em Pompeia de trem: Na estação de Nápoles, você deve comprar um ingresso da linha CRICUMVESUVIANA, por uma bagatela de 2,80 euros. O trem é mega furrebento, mas nóis é mochileiro e não liga. Depois você encontra a linha NÁPOLES – SORRENTO, entra no trem e tira um cochilo até chegar na estação POMPEI SCAVI – VILLA MISTERI. Cuidado, antes dessa estação tem outra também chamada Pompei alguma coisa, então não desçam errado lá. 
Na dúvida, siga o grupo de japoneses que, provavelmente, está indo na mesma direção que você.
Saindo da estação, você chega na entrada de Pompei, a Porta Marina. 
A entrada de Pompeia é uns € 15, e dá direito ao livre acesso na cidade e uns guias de curiosidades e indicações do lugar. 
Dificilmente eu sinto a necessidade de uma visita guiada, até porque eu adoro ficar lendo papeis, fazer a caminhada no meu tempo sem ter um itinerário fechado. Todavia, acabei me arrependendo muito de não contratar a visita guiada em Pompeia.

O lugar é surreal! A cidade toda está muito bem preservada e, apesar de você conseguir ter uma boa ideia de como era a vida em Pompeia por meio do livrinho e das placas, o Guia irá contar as curiosidades da cidade, fazer você imaginar como era o dia a dia dos pompenienses (acabei de inventar essa palavra) e fará o turismo ficar inesquecível.
Diferente de outras ruínas romanas, Pompeia está incrivelmente bem preservada, principalmente pelo fato de que as cinzas do vulcão Vesúvio soterraram a cidade e preservaram tudo como estava.
Hora da pausa histórica sobre Pompeia para entendermos a maravilha do lugar: a cidade de Pompeia era bela e formosa até o ano de 62 d.C., quando, para a desgraça de todos, aconteceu um super terremoto que destruiu grande parte da cidade. Quando a galera estava reconstruindo os barraquinhos, cimentando os salões de baile e arrumando os puxadinhos, veio a segunda desgraça: o mês de agosto de 79.

Outra coisa que descobri na cidade e que não sabia: as pessoas não morreram em Pompeia porque o vulcão entrou em erupção e as lavas queimaram geral. Na verdade, o que aconteceu foram três ondas de morte na cidade:
1º Capítulo da “Desgraceira em Pompeia”: O vulcão Vesúvio entrou em erupção. Claro que a galera, ocupada em aproveitar o verão italiano, não se deu conta do perigo, até porque não teve uma mega explosão. Assim, após algum tempinho, começou uma chuva de pedras sobre a cidade, que acabou acertando o pessoal. Essa foi a primeira onda de mortes: as pedradas nas cabeças.
2º Capítulo da “Desgraceira em Pompeia”: As pessoas que não foram acertadas pelas pedras malignas resolveram se abrigar em suas casas até a chuva passar, o tempo se abrir abra a janela e veja eu sou o sol. Todavia, a chuva não passou. O acúmulo de pedras no teto das casas acabou gerando a segunda onda de mortes de Pompeia: o desabamento das casas e soterramento das pessoas.
3º Capítulo da “Desgraceira em Pompeia”: Quando viram que a cobra tava fumando, os sobreviventes resolveram fugir correndo para as colinas. Mas já era muito tarde, porque chegou a terceira onda de morte: uma onda de gás tóxico, cinzas e lava invadiu a cidade e fez com que grande parte das pessoas morresse sufocada. 

Enfim, a cidade de Pompeia foi soterrada naquele mês de agosto de 79 (assim como Herculano e Stabia, cidades vizinhas). Curiosidade: a estimativa é de que o Vesúvio tenha liberado uma quantidade de energia 100 mil vezes superior à liberada pela bomba atômica de Hiroshima (fonte super confiável - se está na internet é verdade! (sqn))

Pompeia ficou esquecida por um longo tempo, até que, ao final do século XVI, quando o pessoal resolveu construir um aqueduto na região, descobriram as ruínas de Pompeia. As escavações na cidade começaram no século XVII.

Outra curiosidade sensacional: os corpos que vemos em pedra de Pompeia na verdade não foram “carbonizados” e ficaram daquele jeito. Na verdade, com o soterramente, os corpos foram se decompondo e geraram grandes buracos “ocos” na terra. O diretor de escavação da época, o arqueólogo Giuseppe Fiorelli, percebendo que os espaços continham ossos, decidiu despejar gesso nesses buracos e conseguiu recriar as vítimas carbonizadas. Com essa técnica, eles conseguiram inclusive desvendar alguns mistérios de Pompeia, como, por exemplo, que muitas pessoas morreram por asfixia, na medida em que estavam em posição fetal (posição comum das vítimas que morrem por sufocamento).
Aos que forem nesse lugar sensacional, preparem-se para caminhar bastante. Eu fiquei umas quatro horas andando pela região e consegui visitar 1/5 (ou menos!) do que foi Pompeia.
Outra coisa: não tem a menor necessidade de você se matar estudando o mapa de Pompeia antes de chegar lá, até porque eles dão um guia na entrada e indicam os lugares imperdíveis (como os templos antigos, o local onde estão os moldes das pessoas, etc...).
Ah, levem comida para lá. Tem um único restaurante/lanchonete lá dentro, mas, como é a regra da OFERTA X PROCURA, você vende dois rins e uma córnea para conseguir um pedaço de pizza. 
Eu sorrindo ao apontar para o vulcão que soterrou uma cidade inteira.
Essa Juliana, hein...
Aproveitando: além de Pompeia você pode visitar outras ruínas, como Herculano, mas eu não senti muita necessidade de ir em outro lugar depois de conhecer Pompeia.

ÚLTIMA DICA SUPIMPA: você pode subir o Vesúvio depois de visitar Pompeia! Eu não sabia disso e acabei perdendo esse passeio (segundo arrependimento de Pompeia), mas pelo que li nos blogs de viagem é possível fechar com uma agência bem na entrada de Pompeia (na Puorta Marina), e o bilhete custa uns € 8,00. O trajeto dura uns 40 minutos até a entrada do parque e depois você caminha até o cume do vulcão (uns 20-30 minutos de caminhada). 

Voltando às aventuras Julianescas: Após o passeio de Pompeia, peguei o trem em direção à cidade de Sorrento. Gente, fica a dica sensacional: não vão para Sorrento, Costa Amalfi, etc... no inverno. A cidade estava fechada. Literalmente. Não tinha absolutamente nada aberto, nem mesmo um restaurante pé de chulé.  Dei umas voltas pela cidade, bati umas fotos divas e descabelada e sóó.
Considerando minhas andanças por Pompeia, eu estava azul de fome, mas não encontrei nenhum mísero lugar para comprar comida. Achei uma lujinha dos brimo meio aberta, comprei umas bolinhas de chocolate recheadas com limoncelo (êêê Juliana alcoólatra) pra tapear a fome e peguei o trem de volta para meu grande amor, Nápoles.

Chegando em Nápoles, corri para a famosíssima Antica Pizzeria di Micheli, local onde você irá comer la migliore Margherita del mondo, aberta em 1906.
A pizza é, realmente, realmente, realmente, inesquecível. Apesar de ser enorme, ela tem um poder sobrenatural de se encaixar no seu pânceps e fazer você lamber os beiços. Não percam de visitar a Pizzaria do Micheli.
Não vou aguentar comer tudo!
MENTIRAAA, quero mais até
Por sinal, o senhorzinho que fazia a pizza deve ter me achado o máximo, tanto que veio correndo atrás de mim depois que eu paguei a conta e ficou conversando comigo, contando da vida em Napoli e de como os napolitanos eram os melhores do mundo (acho que o senhorzinho queria meu porco nu).
Voltando para o hostel, recebi a notícia do meu couchsurfer de que ele tinha que ir a Alemanha para salvar uns cachorros doentes, então não poderia me receber hoje de novo. Contudo, eu estava autorizadíssima a permanecer mais uma noite na minha suíte presidencial (he-he-he).
Ah, jáá que ele deixou, nem pensei duas vezes em aceitar mais uma noite no meu sofázinho (eu já tinha virado brother dos carinhas da recepção).

No caminho de volta para o hostel, acionei o hangout do couchsurfing e combinei de me encontrar com o Marco, um italiano, que estava no centro da cidade tomando um chopp com os amigos. Foi um rolê meio bizarro, porque o Marco estava na patotinha dele (ele era italiano de Nápoles mesmo) e apareceu a Xuliana, com sua pronúncia italiana cocozenta, funfando o passeio. 
Apesar dos pesares, eles me levaram para um lugar super divertido, o Samaná Carrom Bar, que a galera jogava “Carrom”, um jogo parecido com uma sinuca (nossa, não tem nada a ver com sinuca, mas tudo bem kakakaka) que você joga com os dedos. Para quem quiser ter uma ideia de como é o jogo, tem um manual aqui.
A noite foi super divertida, até porque o pessoal do bar era super querido e me receberam muito bem. Novamente, obrigada couchsurfing!

Napoli, 'O sole mio


Décimo quarto dia - 07/01/2018 (domingo): Cara, Juliana é a pessoa mais zoada do universo. Meu trem para Nápoles saia às 10h10 da manhã. Juliana acordou nada mais nada menos do que 09:40 da manhã, com a mala desarrumada, roupa de balada, tendo que fazer o check-out do hostel E, de quebra, andar até a estação de trem para seguir viagem.
Diga-se de passagem, minha "arrumação" da 
mala já estava nesse nível no 14º dia da viagem
Começamos mais um quadro de: SE VIRA NOS TRINTA. Joga roupa na mala, pula em cima pra fechar o zíper, sai toda descabelada, joga a chave na recepção do hostel e diz “ARRIVEDERCI!” e RUN FORREST RUN.
Dessa vez consegui não esquecer minha jaqueta no lugar (até porque EU NEM TINHA MAIS JAQUETA), então foi tudo tranquilo, cheguei na estação a tempo até de comer um cornetto deliciso por 1,50 euros.
Admito que estava super ansiosa para conhecer Nápoles! Todos os italianos que eu tinha conhecido tinham falado super mal da cidade, dizendo que era suja, perigosa, mal cuidada e que eu ia odiar. Para mim, parecia uma guerra dos TERRONE (sulistas) X POLENTONES (galera do norte), então queria tirar minhas próprias conclusões.
Chegando em Nápoles, não posso dizer que tive a melhor impressão de início... Saindo da estação, resolvi ir a pé até o lugar que meu couchsurfing iria me receber (aguardem as cenas dos próximos capítulos dessa novela couchsurfaniana), então abri meu Google Maps e sai caminhando pela cidade.

Cara, não sei que raios aconteceu que eu consegui me perder e ir na direção oposta ao meu couch (que era no centro) – diga-se de passagem: Juliana estava com roupa de balada, metade da maquiagem do outro dia e uma cara de acabada. MAS TUDO BEM, DEU TUDO CERTO! Consegui encontrar a direção certa depois de umas quadras erradas.
O caminho até o hostel foi... digamos assim, intenso. A região ao redor da rodoviária era MEDONHA! Lugar super feio, sujo e, ao que parecia, mega perigoso. Depois de três dias maravilhosos em Roma, eu estava odiando aquele lugar. 
Enfim, consegui chegar no lugar que meu couch iria me receber.

AGORA VAMOS AO CAPÍTULO COUCHSURFING: Sempre que peço para alguém me receber, combino com antecedência, leio o perfil da pessoa, vejo as referências para não cair em furada – e, de fato, nunca tive experiências negativas com o couch. Infelizmente, o napolitano que iria me receber teve que ir urgente para outra cidade para atender uma emergência médica (ele era médico veterinário), mas, como um bom host, disse que eu poderia dormir no hostel que ele trabalhava, o Naples Pizza Hostel, de graça.
Naples Pizza Hostel
Uhu, estadia de graça em um hostel, que beleza.

ÉÉÉ MINHA GENTE, felicidade de pobre deve durar pouco. 
Ocorre que, para minha desilusão, eu não ganharia um quarto no Naples Pizza Hostel, mas eu estava autorizada a dormir NO SOFÁ DE ENTRADA DO HOSTEL.

Véi. Véi. Sofá. Da entrada. Do hostel.

Apesar de a recepção do hostel ser um pouco mais afastada da entrada, o que, supostamente, não perturbaria meu sono, continuava sendo O SOFÁ DE ENTRADA DO HOSTEL.
But, como eu estava meio pobre nessa altura da viagem, porque não sei onde tinha colocado os 800 euros que trouxe (será que nas 15 pizzas, 30 sorvetes e incontáveis cervejas?), então acabei topando essa belezura. Pelas minhas contas, eu tinha uns 100 euros para sobreviver mais uns 6 dias na Itália E pegar o ônibus de volta para Milão.
Nesse meio tempo, a Ana Luiza estava me mandando mensagem “e ai, como está o dinheiro? Está tranquilo?”, e Juliana, rindo nervosamente, dizendo “haaa, claaaro irmãzinha, to rica, não se preocupe, sou avarenta igual a você” (COF COF COF).

Bem, devidamente instalada na minha SUÍTE PRESIDENCIAL, resolvi fazer um passeio por Nápoles para ver se eu conseguia começar a gostar daquela cidade que, em um primeiro momento, era horrorosa e suja. Caaara, a cidade estava morta! Não tinha absolutamente nada aberto, tudo super desanimado e sem ninguém na rua. 
Resolvi então voltar para o hostel e ficar vendo um filme, ouvir Backstreet Boys e chorar de saudades de Roma. MAS COMO NADA NA MINHA VIDA ERAM FLORES, a internet do hostel não funcionava. OOOOOO QUE BELEZA, TUDO DANDO CERTO.
Já estava escurecendo, mas eu me recusei ficar naquela bad dentro do “quarto” (recepção do hostel), então resolvi sair vagando pelas ruas cidade.

CARA, CARA, NÃO SEI O QUE ACONTECEU. Saí do meu hostel na Via São Paolo, virei à esquerda e desci umas duas quadras, quando, de repente, descubro uma rua LOTADA de gente, galera feliz comendo, conversando, comércio aberto vendendo coisas locais, geral na rua e todos mega animados. Descobri a Via dei Tribunali. Nem preciso dizer que meu sorriso ia de orelha a orelha! A região era o máximo: tinha rua que só vendia presépio de natal, as pessoas estavam lotando os bares da região e conversando, aproveitei para comer meu 89º sorvete, provei a famosa Sfogliate e só voltei para o hostel bem de noite. 

O amor por Nápoles estava começando a tomar conta de mim.

Para minha alegria, ao voltar para o hostel, DESCOBRI QUE TINHA MOCADO MEUS 400 EUROS NA MINHA MOCHILA QUANDO SAÍ DE AREZZO, para não carregar tudo na doleira. CARA, que maravilha, EU ESTAVA RYYYYCAAA! 

O outro dia seria regado a caviar e a moet chandon (tudo isso no sofá da recepção do hostel, porque né, EU QUE NÃO IA PAGAR 15 EUROS POR UM QUARTO...)

Roma: festas, reencontros e muito, mas muito gelato!

Décimo primeiro dia - 04/01/2018 (quinta-feira): Como o Alessio precisava trabalhar de manhã cedo, sai bem de manhãzinha em direção  à Roma. 
Resumo da minha vida italiana: gelati (sorvetes) e treni
Nesse momento, temos uma nota importante: fazia tempo que eu não tomava um banho decente. 
Em Arezzo, como pudemos ver, meu dia foi mega dinâmico, com direito a turismo e a uma janta sensacional, então não consegui tomar banho na casa do Alessio. But, no dia anterior, na casa do Alex, eu tinha tomado banho só de manhã para visitar Bologna!
Logo: eu estava MEDONHA, cabelo igual do Einstein, cara de morta, podia concorrer à Miss Bagulho que ganhava de disparada.
Nossa Juliana, como você é boa em edição de fotos, nem parece montagem!
Tanto quando cheguei em Roma fui para o hostel que tinha visto na internet (Paladino – perto da estação de trem Roma Termini), mas, como o check-in era só às 12h, fiquei conversando com a moça da recepção por uma hora, contando das aventuras e tudo mais. Depois de muito papo, perguntei se eu podia tomar banho até dar o horário do check-in, e ela deixou. 
Quando voltei à recepção, linda, formosa e de banho tomado, a moça (que já era minha BFF depois da conversa) veio perguntar se eu tinha reserva e queria fazer  check-in. A MULHER NÃO ME RECONHECEU!
Quando disse que eu era eu, ela levou um susto e falou “miniiiina, você tava um bagaço!” – sinceridade italiana é tudo.

Depois de fazer o check-in no hostel (até aquele momento eu achava que teria um quarto inteiro só para mim, doce ilusão), fui encontrar o Stephen e o Roei no centro de Roma, como tínhamos combinado. Era a última noite do Stephen na cidade (noooo), então encontramos ele na Fontana di Trevi e nos juntamos com mais um mexicano para tomar vinho no centro.
Bonde unido de novo!
Roma e Juliana sendo maravilhosas
Eu e o Roei demos tchau para o nosso amado amigo Stephen e para o mexicano e decidimos encontrar um amigo belga do Roei (Willem) para tomar uns bonssss drinxs. Ah, diga-se de passagem: o Roei é a pessoa mais popularzinha que já vi, ele conhece todo mundo nas cidades! O lugar que tomamos vinho era de um amigo dele, depois ele encontrou esse belga chiquetoso no centro da cidade.
Combinamos de encontrar o Willem em um “SPEAKEASY”, que é lugar genial:
Segundo o super confiável Wikipedia, os speakeasy são bares “escondidos” que surgiram na época da Lei Seca dos EUA para servir, de forma ilegal, bera para a galera. Hoje esses bares já são legalizados (tô fazendo nada ilegal aqui não, mãe!!!), mas é muito massa encontrar esses estabelecimentos mocados, os quais, muitas vezes, nem têm qualquer indicação de serem bares!
O speakeasy que escolhemos se chama Club Derrière, e fica no centro de Roma. Chegando na entrada do bar, não vimos nenhuma placa de estabelecimento nem nada, só tinha um segurança meio camuflado na porta! 
Voltei depois no lugar só para bater foto da entrada mocada do clube
Acabei nem batendo foto do lugar por dentro, mas eu e o Roei pegamos uns drinks (o Willem resolveu não beber, porque estava de dieta) e conhecemos o lugar (a entrada do banheiro estava escondida atrás de uma estante de livros!! VÃO LÁ!).
Após uns bonx drinkss, o Willem perguntou se gostaríamos de conhecer o hotel que ele estava hospedado, que era bem na frente da Piazza Navona, exatamente em cima da Igreja de Sant’Agnese. 
Cara, não tenho a menor ideia em que momento da minha viagem eu dei tanta sorte para poder conhecer aquele lugar (obrigada couchsurfing!).
Sem brincadeira, a vista era sensacional! O Roei e Willem estavam super “nhe, lugar normal” e eu estava: MANOOOO, OLHA ISSO, OLHA AQUILO, BATE UMA FOTO MINHA, UHU UHU – brasileira sendo brasileira.
Depois de sermos expulsos pelo segurança do hotel, porque estávamos em uma área meio restrita (nós fomos na beirada da torre do sino), eu e o Roei demos adiós ao Willem e resolvemos conhecer uma balada de Roma, chamada Shari Vari.
Se você é meio avarento igual a mim, vai amar as baladas italianas, até porque não tem que pagar entrada (AEEE CHAMA O BONDE, VAMO PA BALADA). Apesar de não ter que pagar, tem todo um dress code que deve ser respeitado (o segurança vistoria sua roupa para ver se está de acordo). GRAÇAS AOS CÉUS EU TOMEI BANHO E ESTAVA DECENTE! 
A festa foi o máximo e eu pude conhecer meu mais novo amiguinho de viagem (depois de pisar uma 15 vezes no pé dele), o Gokhan, que era turco e estava em um hostel bem perto do meu! Dançamos um monte, teve música brasileira, salsa, eletrônica, etc...


Diga-se de passagem: além de popular e chef de cozinha, o Roei era um baita salseiro!

Décimo segundo dia - 05/01/18 (sextouuu): A manhã foi reservada para o famigerado TURISMÃO (afinal, uma hora Juliana tinha que fazer turismo né!). Bati perna no centro de Roma, visitei o Coliseu, o Paladino, as maravilhosas praças romanas, tava me achando o máximo ao bater foto em uma igreja que não tinha nenhum turista (ai depois descobri que eu estava nos fundos da igreja, sendo que a frente do lugar tava cheio de turistaiada), etc...
Termi di Diocleziano
Eu e o grande amor da minha vida
Passando para dar oi ao Palatino, centro político da antiga Roma
No almoço, fui conhecer o restaurante da Denise Lavoratti, que é irmã da Mariza (minha chefe de escoteiro) e mãe do Paulinho. 
O restaurante se chama La Tavernetta, nº 48, e fica no centro de Roma, bem ao lado do lugar que tomamos vinho no dia anterior, e, com certeza, deve ser visitado! O ambiente é super aconchegante, os funcionários e a Denise são todos muito queridos e a comida..... sem dúvida foi o melhor almoço que tive na Itália (brincadeira Manuel, seu spaghetti era uma delicia também!).
Depois de toda essa comilança, fiz o turismo da tarde rolando. Andei por mais alguns lugares centrais e vocês não vão acreditar quem eu encontrei na frente do Panteón...
SIM, O AMOR DA VIDA DA ANA LUIZA!
AMOR PERFEITOOO, EXISTIA ENTRE NÓS DOIS!!!
Aos que não lembram, quando fomos à Roma em 2012, a Ana conseguiu roubar o coração de um dos gladiadores romanos, com direito a beijinho nos lábios e declarações de amor. Sim, por pouco não tivemos o reencontro de Ana Luiza com o Gladiator, quem sabe fazer um remember... 
Quem quiser relembrar essa história mais interessante que Romeu e Julieta, segue link da nossa postagem maravilhosa: CLIQUE AQUI PARA SE EMOCIONAR.

Fico tranquila em saber que provavelmente meu cunhado estará lá em uma próxima viagem aguardando o amor de sua vida.

Como era sexta e não é só de turismo que vive a Juliana, combinei de encontrar o Roei em um bar irlandês (da mesma franquia do bar que eu tinha me refugiado em Arezzo). O Roei estava com um amigo dele argentino do couchsurfing (tô dizendo que ele era o pop-star da região), então tomamos umas cervejas verdes e conversamos um monte. O Roei, roliço como sempre, queria comer alguma coisa, mas se recusava a comer um hambúrguer irlandês no meio de Roma.
Assim, demos adiós ao nosso muchacho argentino e encontramos um lugar divino que servia um salmão que sassinhora. Véi. Véi. Aquela foi, de longe, um dos melhores pratos que já comi NA MINHA LIFE! Era muito muito bom.  Além da comida deliciosa, passamos a janta inteira discutindo assuntos super interessantes, como fé, religião, política, etc... 
O Roei contou um pouco sobre como era ser militar em Israel (sim, ele era soldado) e de como era a cultura deles. Foi uma janta maravilhosa, obrigada Couchsurfing!

Após vender meu rim, duas vesículas e um brônquio para pagar a conta, voltamos para os respectivos hostels para descansar para o próximo dia.

Décimo terceiro dia - 06/01/18 (sábado): Aproveitei a manhã ensolarada de sábado para conhecer a Bocca della Verità, que fica um pouco afastada do centro.
Vamos a mais um episódio de “Aumente sua Cultura Inútil”: Contam os antigos sábio italianos que um marido, desconfiado da fidelidade de sua esposa, levou a amada até a boca da verdade para testar sua fidelidade. A mulher, sabendo que tinha metido os chifres na cabeça do pobre coitado, fingiu desmaiar na frente da escultura e acabou caindo nos braços de um cara, o qual era o amante dela (não me perguntem como o amante apareceu do nada no lugar). Após acordar do “desmaio”, ela jurou à Bocca dela Verità que só tinha estado nos braços de seu marido.... e do homem que tinha acabado de segurar ela - o que não deixava de ser verdade. HÁ, ÓIA A DESCUPINHA ESFARRAPADA SUPER BEM DADA! Essa mulher manjava dos jeitinhos brasileiros. 
Essa é uma das histórias da Bocca, mas a lenda principal é que, caso a pessoinha coloque a mão na boca da verdade e conte uma mentira, a Bocca dela Verità morderia sua mãozinha. 
Falei que eu vou casar com o Brad Pitt. Minha mão permanece intacta. Aguardo data do casamento.
Para visitar a Bocca, você só precisa ficar na fila de japoneses que se forma a qualquer horário do dia e aguardar sua vez. Não paga entrada, então compensa muito ir! 
Além disso, pode aproveitar a visita para conhecer a Isla Tiberina, o Parco del Gianicolo e  já emendar o Vaticano. Acabei não entrando no Vaticano, porque meu foco dessa viagem não era turismo, mas sim FESTAR BEBER E COMER sentir Roma.
Divando na Isla Tiberina
O 191654º sorvete da viagem
Dress code nota 1000 para visitar o Vaticano
Roma, meu grande amor <3
Como era meu último dia nas terras romanas, conversei com o meu amigo Gokhan (o turco que eu tinha conhecido na noite do Shari Vari) e combinamos de fazer um Pub Craw de noite. Aos desavisados, um Pub Crawl é tipo um tour pelos bares de um determinado lugar: você paga uns € 15 e passa de bar em bar com uma galera tomando um drink/shot de cada lugar – normalmente, ao final do tour, você fica em um bar/balada e já emenda a noite.
Foi a primeira vez que eu fiz Pub Craw (normalmente a Ana Luiza é uma mão de vaca que não quer torrar 15 euros em saideiras), e FOI SENSACIONAL!! O nosso grupo era super divertido e já fizemos amizade super rápido. Infelizmente, eu estava muito ocupada partying e não consegui bater foto ou filmar os bares que fomos, mas foi demais. 

Última noite na cidade mais linda do mundo e já estou sentindo falta desse lugar maravilhoso!