Nono dia - 01/01/2018 (segunda-feira): Já comecei o ano com o pé direito, mas sem meia: acordei com o cachorro da Silvia, o Paco, comendo minha meia. Tentei resgatar minha propriedade das garras caninas de Paco, el Matador, mas obviamente falhei nas minhas tentativas e consegui acordar a casa inteira.
Com
a meia batizada pela baba do Paco, arrumei minha malinha e fui à casa do Manu
para pegar minhas coisas que tinha deixado lá depois do acampamento. Como um
italiano vero, Manu preparou um delicioso spaghetti al ragù para almoçarmos (nessa
altura da viagem eu já tinha aumentado uns 3 buracos do cinto...).
E
foi assim que dei tchau ao meu querido amigo Manuel e continuei minha aventura
italiana em direção à cidade de Modena.
Originalmente,
eu não iria para Modena, mas sim para Bologna. Mas, ao pedir sofá no couchsurfing, conheci o Alex, que
parecia ser super simpático e se ofereceu para me hospedar na casa dele, em
Modena.
Aos
que puderem, recomendo: passem por Modena! A cidade é super charmosa, famosa
pela criação do Acetato Balsamico (com indicação geográfica protegida – IGP!) e
pelo museu da Ferrari. Por sinal, o Alex e seus roommates trabalham como engenheiros da Ferrari (a casa tem
carrinhos, camisas e bonés da Ferrari por todos os lados).
Foto do GUGLE, já que sou desnaturada e esqueci de fazer fotos decentes |
Cheguei
na cidade ao final da tarde e, como uma boa mão de vaca avarenta, já tinha
resolvido que iria a pé até a casa do Alex. Contuuudo, ao sair da estação, meu
celular estava com 0,00001% de bateria e eu não tinha ideia de como ir à casa
do Alex (sequer tinha avisado ele que estava chegando).
Graças
ao um ano inteiro comendo amêndoas para melhorar minha memória, consegui
lembrar que o endereço dele era Corso Canalchiaro nº xxx (segredo de estado) –
por sinal, até hoje lembro o endereço dele!
Pela primeira vez na viagem, dei
uma de chiquetosa e peguei um TAXI!
Sim,
até aquele momento tinha feito tudo na raça, caminhando e cantando e seguindo a
canção.
O
taxista foi super legal, fez um tour comigo no centro de Modena, contou que a
rua do Alex se chamada Canalchiaro pelo fato de ter um rio cristalino passando
embaixo da rua, mostrou o Duomo di Modena, etc...
Chegando
na casa dele, graças aos céus meu anjo da guarda formado em TI mandou ondas
eletromagnéticas para ele avisando que eu chegaria naquele horário, então o
Alex estava me esperando na frente da casa *trompetes tocando alegremente*
A
casa do Alex era enorme e fiquei em um quarto só meu, com um banheiro próprio e
toda rica e phyna.
Depois
de tomar um banho merecido (nããão que eu estivesse sem tomar banho a um
tempinho... ... ... risos de nervoso), fomos passear por Modena, tomar um
quentão e um chopp e, como eu ainda estava meio morta da festa de final do ano,
voltamos para a casa dele e ficamos jogando Doom até tarde (ele jogando e eu
vendo, porque sou horrível e não sei brincar de videogame).
Décimo dia - 02/01/2018 (terça-feira): Supostamente, eu iria acordar às 08 da manhã para pegar o trem para Bologna às
09 a.m. Como eu disse, supostamente.
Não
sei que raios aconteceu que Juliana não ouviu o despertador tocando e conseguiu
acordar às 11H DA MANHÃ!
Um
tanto quanto envergonhada de passar a manhã inteira dormindo na casa do querido
Alex, troquei de roupa correndo e saímos tomar café em uma padaria próxima da
casa dele, a Menomoka Coffe.
Por sinal, o café era muito legal, as paredes tinham imagem de
personalidades históricas com uma frase de efeito.
Próxima vez quero minha foto na parede também |
Com
o café da manhã/quase almoço, segui para Bologna (o Alex iria me encontrar no
final da tarde em Bologna, porque tinha coisa pra fazer). No caminho até
Bologna, resolvi abrir o tal do hangout
do couchsurfing, que é uma ferramenta do site para indicar as pessoas que estão
viajando ou passeando por um lugar e estão disponíveis para turistar, conhecer
algum bar, fazer algum passeio, etc...
Ao
ligar o hangout, vi que tinha um
grupo de couchsurfers que estava disponível, um americano e um israelense,
então pedi para me juntar ao hangout deles. JURO QUE FOI A MELHOR DECISÃO DA
MINHA VIAGEM! Afinal, se eu não tivesse encontrado eles, eu iria ficar sozinha
de tarde em Bologna, fazendo programa de turista flamingo (que fica batendo
foto de tudo e vendo tudo).
E
foi assim que eu conheci o Stephen e o Roei, americano e israelense,
respectivamente. O Stephen é ator e uma das pessoas mais queridas e engraçadas
que já conheci, com um humor parecido com o meu e super animado para conhecer
tudo. O Roei é israelense e chef de
cozinha, apaixonado por culinária e determinado a comer tudo que podia na
Itália (dedico ao Roei os 4 kg extras que trouxe ao Brasil).
Nosso trio dinâmico |
Encontrei
os dois na Piazza Maggiore e formamos o nosso trio dinâmico! Já de cara eles me
contaram uma das coisas mais legais sobre Bologna: a lenda dos 7 Segredos de
Bologna!
Para
quem ama geocaching, como eu e a Ana Luiza, achar os segredos de Bologna é o
máximo!
Momento
cultural, vamos descobrir quais foram I Sette Segreti di Bologna:
1)
A “Ereção” da Estátua de Netuno: No meio da Piazza del Nettuno, existe uma
estátua do Deus Netuno. Olhando de frente, essa estátua não é muito bem dotada,
e reza a lenda que o Papa da época pediu para que o escultor (Giambologna)
fizesse um piccolo pintinho no Netuno, para não ficar erótica.
O Giambologna,
como um bom ZoEiRo, resolveu esculpir o Netuno como solicitado pelo Papa, mas
fez um dedão avantajado para o Deus do Mar. Assim, a depender o ângulo que você
olhe a estátua, verá que o Sr. Netuno está mais para Kid Bengala dos mares...
Não sei o que seria mais bizarro, a ereção netuniana ou essa Peppa Pig de Chernobyl |
2)
Il Voltone del Podestà e o telefone sem fio: Esse é sensacional!
Voltone
significa abóbada, e essa galeria embaixo do Palazzo de Podestà, bem pertinho
da Estátua do KidBengala Netuno, tem um formato de abóbada com uma
acústica sensacional! Você pode sussurrar em um dos cantos da galeria que a
pessoa do lado oposto irá ouvir tudo, como se você estivesse falando na orelha
dela!
|
O
Stephen, na condição de nosso guia turístico, contou que antigamente esse
Voltone era utilizado para que os leprosos se confessassem, assim os padres ficavam bem longes deles!
3)
As três flechas na Corte Isolani: Esse era totalmente estilo geocaching! O Roei
desistiu de procurar e, como bom roliço, saiu comer alguma coisa. Eu e o
Stephen seguimos firmes e encontramos: as três flechas cravadas na madeira do
pórtico na frente da Strada Maggiore. Reza a lenda que três arqueiros foram
contratados para assassinar um carinha ryco de Bologna, mas, ao prepararem as
flechas, foram distraídos por uma mulher PELADONA na janela. Assim, acabaram
errando o alvo e acertaram o pórtico.
Outra da internet, já que minhas fotos de lá ficaram horríveis! Hehehe |
4)
A Pequena Veneza: Um dos segredos mais fáceis de descobrir é essa janelinha (ela
está nos mapinhas turísticos de Bologna também!). É uma pequena janela por meio
da qual se pode ver um canal utilizado no século XII para troca de mercadorias.
Realmente, parece muito com os canais de Veneza (e é uma graça, vale a
caminhada até lá).
5)
“Panis vita, canabis protectio, vinum
laetitia”: Andando pela rua da Indipendenza, é possível olhar no teto essa
sequência de frases escritas, que significam: O pão é vida, o vinho é alegria e
a cannabis é proteção (os Zé Droguinha piram). Outro segredo que foi bem
tranquilo de encontrar, até porque paramos em umas quatro sorveterias enquanto
procurávamos as frases.
ÊÊÊ italianada lariquenta (créditos da foto) |
6)
O vaso quebrado na Torre degli Asinelli: A lenda é que em cima da Torre degli
Asinelle teria um vaso quebrado, que significa a forma de resolução de
conflitos em Bologna.
Não sei por que cargas d’água eu e o Stephen entendemos
errado a lenda quando vimos a primeira vez e interpretamos que a ideia era de
que a Torre se pareceria com um vaso (acho que levamos a ideia de cannabis é
proteção longe demais... HE HE HE BRINCADEIRA). Só sei que ficamos sentados na
frente da torre por uma meia hora tentando visualizar em que momento aquilo
deveria se parecer com um vaso. (Só hoje, dia 26/11/2018, descobri que a lenda
era de um VASO DENTRO da torre he he he).
E
sim, eu e o Stephen subimos a torre (enquanto o Roei, provavelmente, estava
comendo), e a vista é sensacional!
Bologna, sua linda! |
7)
Bologna, la Grassa: O apelido de Bologna é la Grassa (a Gorda) ou la Dotta (a
culta), então o último segredo da cidade é de que embaixo de uma mesa da
Universidade de Bologna estaria escrito a frase “panum resis”, algo como “o pão resiste”. Eu e o Stephen reviramos
as mesas da Universidade e não encontramos nada. Pelos relatos que li em outros
blogs, o pessoal também não encontrou essa frase, então acho que nem compensa
perder tempo procurando.
Em
resumo, nosso turismo por Bologna foi guiado principalmente pelos segredos.
Fizemos o roteiro da cidade com base nisso e foi um dia sensacional! Se eu não
tivesse conhecido o Stephen e o Roei, provavelmente não saberia dos segredos e
teria conhecido Bologna como uma turista normal, sem ter me envolvido tanto com
aquele lugar maravilhoso (obrigada couchsurfing!).
Intercalado
entre as buscas dos segredos, visitamos diversas padarias, restaurantes e
cafés, comemos tudo que tínhamos direito em Bologna e fizemos jus ao apelido La
Grassa da cidade.
Mangia mangia mangia!! |
Bevi bevi bevi!! |
Ao
final da noite, fomos em dois bares que o Roei queria conhecer (o Alex nos
encontrou na cidade ao final da noite) e tomamos uns bonx drinks, comemos
pizza, salame, spaghetti al ragù (também conhecido como Spaghetti a bolognesa –
criado em... tchanananã... BOLOGNA!).
Melhor companhia para desvendar as terras italianas |
Foi
um dia super divertido e em ótima companhia! Como nós (Stephen, Roei e eu) iríamos para Roma
na sequência, combinamos de nos encontrar por lá para continuarmos a explorar a
cidade.
Após todo esse passeio, eu e o Alex voltamos para Modena (não sem antes vencermos o Usain Bolt de tanto correr para chegar à estação de trem, já que iríamos perder o último trem para Modena) e arrumei minha malinha para seguir viagem para um dos lugares que mais estava ansiosa para conhecer, Arezzo, a cidade do filme La Vita è Bella!
"Questa è la mia storia, questo è il sacrificio che mio padre ha fatto, questo è stato il suo regalo per me." |
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