Assim, a CIA das Portes orgulhosamente apresenta o relato do:
MOCHILÃO DE JULIANA
PORTES PELAS TERRAS ITALIANAS
Pela primeira vez, a viagem seria planejada somente por mim, então, obviamente, todos estavam mega tranquilos, porque sabem que sou super organizada e manjo muito de compra de passagens e roteiros.
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Tá, é mentira, eu sou a negação da família em organização de viagens.
Só para terem uma ideia, as duas únicas viagens na minha vida que tive
que organizar acabei fazendo caquinha: a primeira foi um simples passeio para
Balneário Camboriú (cidade que eu visito todos os anos e fica a 3 horas de
Curitiba), quando comprei a passagem errada: ao invés de comprar CURITIBA –
BALNEÁRIO, comprei duas passagens de retorno de BC (hehehe) – chorei um monte
na rodoviária e o moço ficou com dó de mim, então deixou eu trocar sem pagar
nada.
A outra foi uma viagem à Ilha do Mel, que eu, linda e formosa, pensando
em ficar em um hotel chique, phyno e perto da badalação, iria escolher a
pousada na parte da Ilha chamada Brasília, e não em Encantadas (que é mais
roots e parado). No momento da escolha, a Dona Andrea falou expressamente
“Julianinha, por que você não reserva a pousada do Arlindo (Brasil Tropical),
que nós já conhecemos e gostamos?”, e Juliana responde “AAARGH MÃE, a pousada
do Arlindo é nos cafundós, quero ficar perto das b-a-l-a-d-a-s!”.
Obviamente, Juliana reservou o suposto hotel chiquérrimo de Brasília e,
quando chegou à ilha, descobriu não só o hotel que reservou era em ENCANTADAS,
como também era 30 minutos a mais de caminhada para FRENTE da pousada do
Arlindo E o suposto hotel
“chique e phyno” não tinha sequer janelas nos quartos (as janelas eram mosqueteiros).
Então, com base nas minhas experiências organizacionais, vocês podem ter
ideia do medo que toda família estava de abandonar Julianinha no aeroporto rumo
às terras italianas.
MAS EU
FUI. E VOLTEI VIVA. HÁ.
Agora
irei contar sobre como esses trinta dias de viagem foram os mais sensacionais
da minha vida (até o momento):
PREPARAÇÃO: Juro que deviam fazer um seriado sobre mim, porque as
pessoas iam rir muito de como eu sou a pessoa mais zoada do universo. Dois dias
antes da viagem, em uma sexta feira, dia 22/12/2017, Dona Andrea entra no
quarto de Juliana e diz “você já arrumou a mala da viagem?” não. “você já cotou
as passagens internas?” não. “você sabe qual será o roteiro” não. “você tem
ideia do quanto irá gastar?” nããão.
Hue, sim, eu não tinha preparado coisica nenhuma e não tinha ideia se os
900 euros que tinha seriam suficientes para passar 19 dias viajando.
MAS
TAMO AEEEE.
Tá, depois de levar uma
bronca de 15 minutos, eu arrumei minha mala para a viagem).
Mosse ajudando na arrumação |
O sorriso escondendo o desespero de fazer tudo caber na mala |
Primeiro dia - 24/12/2017 (domingo): Após um maravilhoso almoço de Natal em família, peguei o voo em direção
ao aeroporto de Garulhos, para a escala.
Até o Pateta foi me levar no aeroporto! |
Agora é real!!! Itália, estou a caminho! |
A desgraceira da viagem já começou ali: o celular que eu peguei
emprestado da minha mamadi para bater fotos lindas simplesmente pifou. Puf.
Tela preta.
Xexus, pensa em uma pessoa que foi chorando (literalmente, eu estava em
prantos) até São Paulo, imaginando o que faria para encontrar os amigos
italianos quando chegasse em Milão. Isso porque eu chegaria na Itália por Milão
e pegaria um trem até a cidade do meu amigo Manuel – claaaro que eu não anotei
o nome da cidade, o telefone do Manuel, o endereço dele ou qualquer coisa que
identificasse para onde eu devia ir, até porque O QUE É A VIDA SEM ALGUNS
RISCOS NÉ AMIGUS (rindo de nervoso).
Como tenho um anjo da guarda que deve ser formado em TI, o celular
voltou a funcionar em Garulhos e deu tudo certo (amém).
Segundo dia - 25/12/2017 (segunda-feira): O voo foi super tranquilo, não tinha nenhum argentino com
escova de dente elétrica do meu lado (traumas de viagem que nunca serão
esquecidos), então cheguei ao tão esperado destino: l’Aeroporto di Milano
Malpensa.
O aeroporto fica um tanto quanto afastado do centro de Milão, mas é só
pegar um trem do Aeroporto até o centro de Milão, que é bem tranquilo (apesar
de ser um pouco caro, custa € 12).
Depois de pegar o trem até a Estação Central de Milão, peguei outro em
direção à cidade de Treviglio para encontrar o Manuel, que me levaria de carro
até a cidade dele, Caravaggio. Caravaggio é uma cidade da província de Bergamo
com 17 mil habitantes e, por ser pequena, o acesso de trem é feito pela cidade
maior – Treviglio.
Próxima parada: Treviglio |
Chegando na estação de trem de Treviglio, lá estava o meu queridíssimo
amigo Manu e sua amada namorada, Silvia. Fui super bem recebida pelos dois, MAS
MEU ITALIANO TAVA Ó, UNA BUESTA. Sim, fiz 2 anos de italiano e, quando visitei
eles no meio do ano (julho/2017), estava falando até que tranquilamente,
conseguia me comunicar bem. Mas a falta de prática do meio do ano me pegou, eu
não conseguia nem falar “SCUSA SE TI AMO”! Então decidi me comunicar só pela
mãozinha italianesca.
Claro que minha decisão de mutismo italiano não deu muito certo, até
porque eu falo pelos cotovelos e também pelo fato de que na casa do Manuel a
família toda dele estava celebrando o Natal! Imaginem uns 25 italianos sentados
ao redor de uma mesa, com umas quatro gerações da família, comendo e dando
risada (diga-se de passagem: eu cheguei na casa do Manuel umas 19h, mas todos
estavam na mesa comendo desde às 11h da manhã!!! Como era mesmo o lema da
italianada, “mangia che ti fa bene”?).
Foi um momento super divertido, conversamos sobre política, cultura
brasileira, família italiana, etc...
No começo da janta eu estava meio
desesperada, porque eles falavam comigo e eu não entendia uma palavra do que
estavam dizendo (até pensei em processar o CELIN na hora, porque meus dois anos
de italiano aparentemente não tinha servido para nada hehe), mas depois que o
Manuel viu minha cara de desespero ele me explicou que a família estava falando
em Bergamasco, que é um dialeto da região – bem diferente do italiano “normal”. Com a mediação do Manu, eles
trocaram o idioma para o italiano (aeee, adesso io capisco tutto!)
Ao final da janta/almoço/café da manhã, eu já me sentia parte da família
Rochetti!
Também fui à casa da Silvia para conhecer a família dela, que estavam
comemorando com uma janta igualmente deliciosa e com direito à música ao vivo, pela pianista Silvia:
Ao final da tarde, fomos até o grupo de escoteiros do Manuel para
organizarmos algumas coisas do acampamento e encontramos alguns dos amigos do
Manu que também iriam acampar com a gente, o Simone, o Nicola e a Giuditta
(Giu). Fizemos também um breve tour por Caravaggio e conheci a igreja/santuário
da cidade: Santa Maria del Fonte.
Depois de passear pela cidade, voltei à casa do Manuel para descansar, já que iríamos acampar por três dias e sairíamos cedo no outro dia.
Antes
de dormirmos, o Manu me mostrou que tinha guardado vários presentes que
mandamos a ele, como o cartão de natal.
Nem preciso dizer que eu já estava mega
emocionada com toda a recepção da família dele e fiquei mais feliz ainda ao ver
como ele gostava da nossa amizade! *MOMENTO LÁGRIMAS NOS OLHOS*
Eu
devia ter ganhado o prêmio do Guiness de “dia que mais rendeu”, porque nas 5
horas que estava em Caravaggio consegui fazer tudo isso! Mas mal sabia que eu a
viagem só estava começando e que só ia melhorar...
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